sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

E é Carnaval, não me diga, mas quem é você?

Adoro Carnaval, aprendi desde criança a gostar. Meu bairro era muito festivo e todo ano tínhamos , no domingo de Carnaval, o banho à fantasia. Diversas pessoas das redondezas reuniam-se e formavam blocos de carnaval  e desfilavam na rua principal com fantasias, enredo, alegorias. O detalhe é que eram todas fantasias de papel.  Ao final do desfile, depois da escolha da campeã e dos premios, todo mundo caia na água, numa represa de um rio que, na época, ainda era aceitável entrar. Sei que a festa continua até hoje mas, com o passar do tempo, não é mais possível tomar banho de rio em função da poluição e então o carro pipa promove o desmanche das fantasias.

Todo o Carnaval remete a todo um ritual, de celebração, momento de excessos. Mais gostoso ainda a  preparação, a escolha das fantasias, o desfile, o momento de glória, um momento de permissão para mostrar você mesma ou fingir ser outra pessoa, afinal tudo se acaba na quarta feira. Vira cinzas. Desmancha no rio.

Celebramos o quê? De onde surgiu todo o rito da festa?  A festa vem se reinventando,  na alegria e descontração dos blocos de rua e na criatividade luxuosa dos desfiles de Escolas de Samba. .Pra quem gosta de entender a história que traz o significado. compartilho abaixo um texto que recebi da Associação Biográfica , contando um pouco da biografia do Carnaval. 

Há tempo pra tudo. Há tempo pra ser só folia. Celebrar tudo que somos e temos e tudo que podemos ser, marcar a passagem do tempo e das estações que trazem tantas mudanças. Afinal, depois do Carnaval vem o mês de março. Como diz o poeta : São as águas de março, fechando o verão, é promessa de vida no teu coração...

Carnaval – festa pagã que prepara para a quaresma por Berenice von Rückert*

Origens

Sua origem remonta às festividades realizadas na Antiguidade por povos como os egípcios, hebreus, gregos e romanos para comemorar e celebrar as grandes colheitas. Eram festividades que duravam dias e tinham como ponto principal louvar as divindades pela abundância e alegria.

Na antiga Roma define-se o culto a Saturno (Kronos para os gregos), que era o deus da agricultura. Durante estas celebrações, conhecidas como “Saturnais” os escravos eram soltos e as pessoas dançavam na rua. Havia algumas alegorias de homens e mulheres que dançavam nus e se deliciavam regados a vinho agradando ao deus Baco/Dionísio

Estas festividades vão evoluindo. Ainda no período romano aparece como a Festividade da Saturnália, onde as pessoas, mascaradas, transitam pela cidade dentro de um “carrum navalis”. Desfilavam fazendo jogos e brincadeiras com aqueles que assistiam. A motivação ainda consistia na comemoração da colheita e abundância.

Incorporação pela Igreja.

No ano de 325 d/C no Concílio de Nicéia, o papa Silvestre I define o cálculo da data da Páscoa como sendo no primeiro domingo de lua cheia após o equinócio da primavera (data em que o dia e a noite têm a mesma duração) no hemisfério norte. Definida esta data, o carnaval vai entrar no calendário cristão como sendo imediatamente anterior a quarta-feira de cinzas. Não vamos detalhar, no entanto, todas estas datas têm uma numerologia esotérica que as justificam.

Mudança de foco da festa

Pertencendo ao calendário cristão, oficialmente no ano de 590 d/C o carnaval deixa de ser uma festa de comemoração da abundância da colheita para ser uma festa de “carnelevale” que quer dizer “adeus a carne” ou “ a carne nada vale”. O ritual da festa continua o mesmo. Vai haver uma grande mudança no foco da festa, pois esta passa a ser uma festa de limpeza, onde vale tudo. É um preparo para a entrada da quaresma. Neste período tudo é permitido para que se purifique a carne até a exaustão, pois ela “nada vale”. Durante este período, além da purificação da carne, purifica-se a vida do cotidiano e da vida mundana.

Entrando na quaresma

Com o término de todas estas festividades marca-se os últimos dias de liberdade para os povos antes de entrar no período de preparação e reflexões para reviver o caminho percorrido por Jesus Cristo na Terra.

Significado cristão do “carnelevale”

Através das brincadeiras, dos jogos, dos desfiles, das fantasias, das máscaras, todo cidadão deveria se libertar e se purificar de tudo que as forças telúricas, as forças de baixo, que prendem os homens ao terreno, à sexualidade, ao profano possam significar. E o vinho e a bebida eram liberados para que todos os demônios pudessem sair e purificar esta alma contaminada. Seria um processo de purificação da alma e do espírito.

4ª feira de cinzas

Depois de todo este processo de limpeza é o momento da queima. A cinza que vai se transformar na adubação do novo, da ressurreição. A carne que vai se purificar. Após esta data as pessoas deveriam entrar em um estado de purificação espiritual, não comer carne, jejuar, ficar em oração. São os 40 dias que lembram as 3 tentações de Jesus no deserto. O número 40 é bastante esotérico. Já começando pelos 40 anos no deserto que o povo passou com Moisés do Egito para a Terra Prometida. Deve ser um período de penitência onde, como aconteceu com Jesus, não se deve ceder às tentações do demônio.

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